13/11/2011

SUPERSTIÇÕES: A besta e o 13

Nesta semana, deu-se o 11.11.2011 ou 11.11.11 constituição numérica que muitos consideraram de sorte, de bons fluídos, de boas esperanças.
Nesse dia, uma sexta-feira, esse data passou, para mim, despercebida por conta das minhas tarefas profissionais.
Afinal de contas o meu escritório, só meu, é também um refúgio onde muitas vezes até medito entre uma demanda e outra.
Nos revezes naturais da difícil profissão costumo dizer, apontando um canto da sala que ali bato a cabeça, para me resignar ao insucesso que pode nem ser definitivo.
Mas, no dia seguinte, estarei de volta para pensar como resolver da melhor forma o não êxito.
A propósito de amuletos e superstições sou completamente indiferente.
Mas, vejam, por conta, exatamente de meus apelos profissionais tenho diante de mim uma disposição legal que me interessa muito, porque vem em abono da minha “tese” que é identificada pelo número 666.
Bem poderia ser 665 ou 667 mas o número 666 existe e tenho que conviver com ele.
Todos sabem que esse algarismo, no capitulo bíblico do Apocalipse identifica a besta. Nestes termos:

13.16 E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa,
13.17 Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.
13.18 Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, porque é número de homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.


Há interpretações desse texto qualificando o imperador Nero como a besta na sua época. E há interpretações que dão conta que, neste mundo atribulado representaria o anti-Cristo.
E supersticiosos “maiores” que veem o 666 em toda parte, em muitos gestos espontâneos.
Mirando o dispositivo de natureza jurídica com esse número, ignorei todas essas questões religiosas ou azares e dele me vali com toda força.

Imaginei naquele momento contando determinados objetos e, no seu final, apurasse 666 unidades. Não adiantaria disfarçar ou dizer que não eram 666, mas 667. Não, porque o número existe e não pode ser omitido, substituído por 665 + 1 ou 667.

Não, mesmo?
Eis o que relata a Wikipédia:
“Os números 13 e 666 retêm um significado peculiar na cultura e psicologia das sociedades ocidentais. É perceptível como muitos tentam evitar os supostos números de "azar" 13 e 666; e as fobias a esses números são chamadas de "triscaidecafobia" e "hexacosioihexecontahexafobia", respectivamente. Por exemplo, quando a gigantesca fábrica de CPU Intel introduziu o Pentium III 666MHz em 1999, eles escolheram para o mercado o Pentium III 667 com o pretexto de que a velocidade 666,666 MHz teria mais especificamente proximidade ao inteiro 667 do que o inteiro 666 MHz. Curiosamente, também, da mesma forma a empresa desenvolvedora de softwares Corel, ao lançar o que seria a versão 13 do seu conjunto de ferramentas para editorações gráficas, os lançou batizando-os de CorelDraw Graphics Suite X3, que é a versão 13 e posterior à versão 12, caracterizando assim sua superstição ao número.”

As superstições estão aí. Nos casos acima relatados, as empresas usaram 666,6 e “arredondaram” para 667 e no tocante ao número 13, apenas X3.

Conseguiram pronunciar hexacosioihexecontahexafobia, medão do número 666? Eu ainda não. Tenho é medo ou receio  da "legitimidade" desse palavrão.

Há um famosíssimo cantor, segundo notícias, que estaria projetando construir um edifício e supersticioso ao extremo que é, pensava em excluir o 13° andar. Do 12° andar, o seguinte seria o 14°.
Tem sentido isso? Não se trata de imensa tolice?
Se o prédio tiver, digamos, 20 andares, na verdade serão 19. Não dá para excluir o 13 e qualquer outro número. Ao chegar ao 12° andar, o elevador apontará o 14° andar, mas todos sabendo que se trata do 13°.
Besteirol, não?

Há um quadro histórico importante que se refere ao extermínio da Ordem dos Templários em 1307. O rei Felipe  IV da França, colaborou com o Papa Clemente V nesse objetivo. Naquele ano, no dia 13 de outubro, uma sexta-feira uma ordem expedida na França e em toda a Europa determinou a prisão de todos os templários. Presos, foram acusados de heresia e massacrados pela tortura praticada para que revelassem o esconderijo de seus tesouros como se acreditava terem acumulado naqueles tempos. Muitos foram condenados à fogueira. "Dia de mau agouro".




Para mim, no joguinho do bicho e nos bilhetes da loteria, 13 é a borboleta. E como sou chegado numa borboleta azul andei caçando muitos desses bilhetes lotéricos. Nunca obtive prêmios, mas continuo com as borboletas, nem que seja a 13ª.




DAS SUPERSTIÇÕES:
Gatos pretos: na idade média seriam bruxas transformadas, dai o azar quando se cruza com um deles. Mas, também, podem significar riqueza se andarem por perto, caseiros, dai "dinheiro caindo do céu".
Número 13: Doze os apóstolos mais Jesus. Judas traiu Jesus, o que "amaldiçoa" o número treze; a sexta-feira 13 é de "azar" porque Jesus Cristo fora crucificado nesse dia.
Trevo de quatro folhas: quatro as estações, quatro as fases da Lua - número completo. Pela raridade do trevo de quatro folhas, se encontrado, ele é de sorte

Fotos e imagens:
(1) Besta: animalzinho estéril mal afamado, especializado em carregar cargas (Google);
(2) "Borboleta 13" segundo estampado no Google;
3) Trevo de 4 folhas e o 13. Mastiguei na infância muitos ramos de trevo, porque azedinhos. Havia um de 4 folhas comigo conservado há décadas, pela sua raridade, num livro que acabei encontrando. Daria azar o 13 e sorte o trevo de 4 folhas. Ambos dão sorte...





Esse trevo de quatro folhas estava bem guardado no livro "Eneida" de Virgílio que meu pai adquiriu em janeiro de 1944. Calculo que essa folhinha, bem embaladinha lá esteja desde a década de 40.







(4) O gato preto e o 13. O gato por ser preto leva má fama também pelo seu olhar fixo, verde e alerta.

30/10/2011

ONDE ESTAVA DEUS?

Esta crônica já publicada em outros espaços, até mesmo no meu “Artigos” um blog no qual exponho minha face de zanga por tudo o que vejo em minha volta, não concordo e me revolto (já disse, a minha “face 2”). (1).
Quantas vezes vacilo me questionando o que espero dessas minhas opiniões irresignadas. Mas, quando chega o fim de semana ou uma hora qualquer de alguma reflexão resisto à preguiça e escrevo, se não para ninguém, pelo menos para mim. (2)
Lá fora o meu deserto. E esbravejo.

Volto à crônica. Ela se identifica com este “Temas”, bem mais acessado que aqueloutro.

No imenso “Guerra e Paz”, Leon Tolstoi, ao descrever a barbárie das batalhas de conquista de Napoleão – o romance é todo centrado na invasão à Rússia – defende que também a História não se rege apenas pela só ação do livre-arbítrio do homem, mas por certas leis imperceptíveis. Daí para a História, diz ele, “também é necessário renunciar à liberdade da qual temos consciência e reconhecer uma dependência que não sentimos” e que a História não investiga os “elementos homogêneos, infinitesimais que conduzem as massas”.
Essa crença do autor russo é preocupante ao indicar que os horrores da guerra teriam uma causa transcendente, além das meras “causas imediatas e próximas” como adota a História nos livros para explicar as conflagrações.
Há tempos, vinha meditando sobre tais ideias e me perguntava o que diria Tolstoi sobre a ascensão de Hitler e do nazismo na Alemanha que além das conquistas territoriais, patrocinaram a matança de milhões de judeus – um povo que provém dos remotos tempos bíblicos - algumas minorias e milhões de soldados e civis também vítimas do conflito sem contar a gigantesca destruição de cidades inteiras.
Há uns anos, indagações surpreendentes fez o Papa Bento XVI ao visitar o campo de concentração em Auschwitz, Polônia, local de extermínio e tortura nazista onde exalam os horrores do sofrimento a maioria judia:
- “Onde estava Deus naqueles dias? Por que ele se manteve em silêncio? Como ele permitiu essa opressão sem fim, esse triunfo do mal?” perguntara o papa. E acrescentaria ser “impossível adivinhar o plano de Deus.”
Esse desabafo papal, digamos assim, incomodou-me porque me levara de novo às ideias de Tolstoi. O horror nazista não fora, então, a mera expressão do livre-arbítrio de um louco que convenceu quase um país inteiro do acerto de suas ações criminosas e, pior, amealhou adeptos até mesmo fora dele? Quais leis conduziram, então, a mão assassina do nazismo?
E as bombas atômicas americanas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 que decretaram a rendição do Japão sob os efeitos de escombros inimagináveis e milhares de mortos? “Impossível adivinhar o plano de Deus”, disse o Papa.
Há um livro que me impressionou, “Mistério e Magias do Tibete”, de Chiang Sing que me levou mesmo a escrever, com base em revelações trazidas na obra, artigo de natureza política explanando sobre a invasão chinesa naquele país.
Essa autora se aproxima de Tolstoi ao revelar que as Divindades “quando a Humanidade estaciona e é incapaz de evoluir de acordo com as leis do Amor” abre a jaula onde mantidos espíritos maléficos, “potências das Trevas”, que encarnam entre os homens: “São elas que fazem as guerras, que desencadeiam os crimes e as baixas paixões, os déspotas e perseguidores”. Nessa jaula estão os Herodes, os Atilas, os Neros, os papa perversos, “todos os que oprimiram e ensanguentaram a terra.” (3)
E eu incluo Hitler nessa súcia.
E nesse passo, “quando a Humanidade para no meio do caminho evolutivo, é preciso sacudi-la, agitá-la, como se faz com um rebanho indolente.” E como decorrência, instala-se o pânico universal por conta “dessas almas más” e “então, a evolução se precipita, os fracos morrem, os fortes lutam e alcançam a evolução”.
Há aqui que se fazer concessões à doutrina reencarnacionista.
Olho para as estrelas à noite e constato a minha pequenez, a pequenez do planeta e me recolho sem pensar nessa imensidão celeste, algo como um primata do início da evolução que não entendia sequer o fogo e a água. Entendo hoje?

As fotos do supertelescópio Hubble dão a dimensão artística do universo. O que mais nos resta dessa imensidão insondável que não seja a ignorância?

Acho que nessa nossa pequenez mental, olhando para o chão, ciscando, desrespeitando o equilíbrio do planeta com a devastação ambiental impiedosa que se processa, pode significar por conta dos denominados “fenômenos naturais” cada vez mais destruidores, gradual depuração.
E então, não há como invocar Deus pelo que advier daí: “Onde estava Ele?”.
Melhor: “Onde estamos nós hoje neste mundo pequeno que estamos devastando de modo implacável, irresponsável, lançando sem cessar, por essas ações, tal qual bombas com seus efeitos irreparáveis. A linguagem que prevalece acima de tudo é a do dinheiro, da corrupção, do egoismo. Por isso, não precisamos que novas "potências das trevas" sejam desenjauladas. De modo inconsequente estamos fazendo o seu papel.

Referências:
(1) Meu blog “Artigos” de 12.10.2009 e também no www.votebrasil.com
(2) “Preguiça” – “Sete Pecados Capitais” de 16.01.2011
(3) “Tibet: o que teme a China” no meu blog “Artigos” e no www.votebrasil.com. de 16.04.2009. V. também “Mistérios e Magias do Tibet” 27.02.2011

Fotos /Imagens
(1) Google
(2) Hubble: "Pillar of creation"
(3) Fottus.com/sem-categoria/apocalipse

02/10/2011

O VÍCIO DE FUMAR (De quando o médico foi a vítima)

Não serei condescendente!
Muitos são os fumantes que atribuem ao cigarro que sustentam entre os dedos indicador e médio, amarelados pela nicotina, mero “habito de fumar”. (*)
Por favor, que hábito nada! É vício puro. Porque o fumante que um dia assume a luta para deixar de fumar é um sofredor: a fumaça do cigarro por perto o seduz ao penetrar em suas narinas, o cigarro por perto é a sua tentação irresistível. A abstinência para muitos e sofrimento tal qual qualquer outra droga.
Quanto a mim, em quantas reuniões empresariais naqueles dias em que o cigarro era “habito”, não saí delas com a roupa malcheirosa...e dor de cabeça.


Ao longo dos anos em que trabalhei na indústria automobilística, em duas delas, convivi com um mesmo médico – já devo ter me referido a ele em alguma outra crônica - que, sem nenhuma influência da profissão, tinha ideias interessantes.
Por exemplo: estudante que era de temas espirituais, fazendo até palestras e conferências, costumava dizer que há dois tipos de homens: o ser humano inteligente, subjetivo, intuitivo e o "humanóide", aquele objetivista, materialista que faz da vida, sobretudo, uma operação matemática.
Os subjetivistas, para ficar no menos, segundo ele, seriam aqueles que espontaneamente prestam atenção a uma árvore, na beleza de uma planta, de uma flor, na amizade de um cão, possuem interioridade onde cabem certos valores éticos dos quais não abrem mão. Poetas. Os outros, isto é, os "humanóides", mesmo com elevada cultura, olhariam uma árvore pelo seu valor econômico, são indiferentes a certas belezas que o mundo oferece, porque não mensuráveis economicamente, calculistas, monetaristas, mantendo apenas os princípios básicos daqueles mesmos valores éticos, porque vivem em sociedade e dela dependem. Pouca ou nenhuma “interioridade” possuem porque eles são do mundo e a ele pertencem. Preocupam-se em acumular riquezas como se fossem imortais.
Evidentemente que essa classificação feita pelo meu amigo médico é muito radical, porque todos nós temos nossas contradições, claro que alguns mais que os outros.
O homem é contraditório e ponto final. Claro que também esse médico, meu amigo.

Pois bem, esse médico era fumante. Para “negar” o seu vício, chegou mesmo a escrever um artigo no jornalzinho da empresa explanando sobre os perigos do fumo para a saúde, destacando os malefícios aos pulmões: "O grande problema não está na absorção da nicotina e sim na inalação dos demais produtos do fumo que realizam uma obstrução nos brônquios e alvéolos pulmonares trazendo portanto uma diminuição na circulação cardiopulmonar (chamada pequena circulação)", escrevera ele.

Alguns anos depois, recebendo proposta vantajosa de outra empresa, viu-se instado a fazer um exame radiográfico de rotina. A chapa revelou um ponto suspeito exatamente...nos seus pulmões.
A despeito dessa tumor, conforme se confirmou depois, foi admitido na outra empresa. Fez uma cirurgia, sendo necessário extirpar parte do órgão afetado. Recomendação básica de seus (colegas) médicos: jamais voltar a fumar !
Voltou à vida normal, com alguma moderação. Atendeu prontamente ao conselho vital: nunca mais fumou !
Que eu saiba, depois que abandonou o cigarro, nunca teve desejos secretos de fumar, nem "delírios" pela abrupta ausência da nicotina. Talvez porque houvesse agora uma imperiosa necessidade em largar o vício: a preservação da vida. Claro que cada um reage de uma maneira, mas como o cigarro reage igualmente sobre todos, fumantes e não fumantes, dia virá que tal vício será definitivamente uma postura anti-social, "marginal" (já não é?).
E nessa nova situação de sobrevivência, mais comedido, esse meu amigo viveu ainda muitos anos, tendo ainda prestado bons serviços à área de medicina do trabalho.
Tenho certeza que, esteja em que plano estiver, esse meu amigo não estará magoado pela confidência que agora faço sobre sua experiência. Porque, antes de tudo, ele não era um "humanóide", apenas um ser humano com suas contradições e fraquezas, como nós todos que, felizmente, apesar dos pesares, deixou de fumar e sobreviveu, certamente, alguns anos a mais.

Legendas:

(*) Esta crônica não é nova, mas não perdeu a atualidade. Já escrevi sobre o vício do cigarro no portal www.votebrasil.com e no blog http://martinsmilton2.blogspot.com (“A (in) tolerância ao tabagismo” de 14.06.2009)
(1) Cigarros Macedônia, velha marca, quebra-peitos e detonadores, como tantas outras, de milhares de pulmões
(2) Figura das drogas contidas no cigarro. Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

(3) Imagem impressionante num maço de cigarros "Free" advertindo sobre os seus efeitos maléficos à saúde dos pulmões.